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Dificuldades de comportamento infantil: causas, sinais e o que fazer.

 Seu filho tem crises de birra intensas, não aceita limites, apresenta agressividade ou parece estar sempre desafiando? Muitos pais vivem esse sofrimento diário sem saber se aquilo é apenas uma fase do desenvolvimento ou se existe algo mais por trás desse comportamento.


A verdade é que o comportamento infantil é sempre uma forma de comunicação emocional. E compreender isso muda completamente a forma como os pais enxergam e lidam com seus filhos.


Neste artigo, você vai entender o que a psicologia e a neurociência explicam sobre o comportamento infantil, quais são os sinais de alerta e, principalmente, como ajudar seu filho de forma saudável e eficaz.





O que são dificuldades de comportamento infantil?



As dificuldades de comportamento aparecem quando a criança não consegue expressar suas emoções de forma adequada e passa a demonstrar isso por meio de atitudes como:


  • Birras intensas e frequentes
  • Gritos, agressividade ou impulsividade
  • Desobediência constante
  • Dificuldade em lidar com frustrações
  • Irritabilidade excessiva



É importante entender que nem toda birra é “falta de limite”. Muitas vezes, o que existe por trás é um sistema emocional imaturo, ainda em desenvolvimento.





Principais sinais de alerta no comportamento da criança



Alguns comportamentos merecem mais atenção quando:


  • As crises são muito intensas e frequentes
  • A criança agride outras crianças ou adultos
  • Existe prejuízo na escola ou na socialização
  • A criança parece sempre tensa, irritada ou frustrada
  • Os pais se sentem esgotados e perdidos



Quando o comportamento gera sofrimento para a criança e para a família, é um sinal de alerta.





O que a psicologia explica sobre o comportamento infantil



Na psicologia, entendemos que a criança se comunica pelo comportamento. Quando ela ainda não possui maturidade emocional para nomear sentimentos como medo, frustração, insegurança ou tristeza, essas emoções aparecem no corpo e nas atitudes.


Muitas crianças se comportam mal não por maldade, mas porque:


  • Não conseguem organizar o que sentem
  • Não sabem pedir ajuda emocionalmente
  • Sentem-se inseguras, sobrecarregadas ou confusas



O comportamento difícil, na maioria das vezes, é um pedido de ajuda disfarçado.





O que a neurociência explica sobre o cérebro da criança



O cérebro infantil ainda está em desenvolvimento, especialmente a região chamada córtex pré-frontal, responsável por:


  • Autocontrole
  • Planejamento
  • Tomada de decisões
  • Regulação das emoções



Isso significa que a criança ainda não tem capacidade neurológica de se controlar como um adulto. Quando ela entra em estresse, frustração ou raiva, quem assume é a parte emocional do cérebro, e não a racional.


Por isso, exigir que a criança “se controle” sozinha é, muitas vezes, exigir algo que biologicamente ela ainda não consegue fazer sem apoio.





O que pode estar por trás do comportamento difícil?



Diversos fatores podem contribuir para dificuldades de comportamento, como:


  • Insegurança emocional
  • Falta de rotina e previsibilidade
  • Excesso de estímulos (telas, cobranças, comparações)
  • Medo de rejeição
  • Ambientes muito instáveis
  • Falta de limites claros e consistentes



A criança precisa se sentir segura para se organizar emocionalmente.





Erros comuns dos pais que, sem perceber, reforçam o comportamento difícil



Sem culpa ou julgamentos, mas com consciência, alguns comportamentos dos adultos podem intensificar as dificuldades da criança:


  • Punições incoerentes
  • Ameaças emocionais (“vou ficar triste se você fizer isso”)
  • Falta de constância nas regras
  • Excesso de proteção
  • Gritos e castigos severos



Tudo isso gera confusão emocional, insegurança e mais descontrole.





O que os pais podem fazer em casa para ajudar o filho



Algumas atitudes simples no dia a dia fazem uma grande diferença:


  • Estabelecer rotina previsível
  • Dar limites com firmeza e afeto
  • Nomear as emoções da criança
  • Validar sentimentos sem aceitar comportamentos agressivos
  • Oferecer presença emocional real
  • Reduzir o excesso de telas
  • Criar momentos de conexão e brincadeira



A criança aprende a se regular emocionalmente a partir do adulto que a regula primeiro.





Quando procurar uma psicóloga infantil?



A psicoterapia infantil é indicada quando:


  • O comportamento causa sofrimento
  • A criança não consegue se regular emocionalmente
  • A escola aponta prejuízos importantes
  • Os pais se sentem perdidos
  • As tentativas em casa já não fazem efeito



Buscar ajuda não é exagero — é cuidado.





A importância da psicoterapia infantil



A terapia oferece um espaço seguro para a criança expressar suas emoções, elaborar conflitos internos e desenvolver habilidades emocionais. Além disso, os pais recebem orientação para continuar o trabalho em casa, fortalecendo o vínculo e promovendo mudanças reais no comportamento.





Considerações finais para os pais



Seu filho não é “difícil”.

Ele pode estar apenas expressando um sofrimento que ainda não sabe colocar em palavras.


Com acolhimento, limites saudáveis, orientação e, quando necessário, acompanhamento psicológico, o comportamento infantil pode mudar — e a infância pode ser mais leve para todos.

Fernanda Figueiras Psicóloga Infantil, Parental e Educacional- CRP 0668056 
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